O rio Piancó pede socorro!

Foto: Renato Valério

                  O município de Boa Ventura é um lugar privilegiado pela ação da natureza. Por boa parte de suas terras, passa as águas do rio piancó. Terra onde existe água é uma terra abençoada, já diziam os antigos moradores de nossa região, e todos concordam com essa assertiva.          

                O rio piancó, que nasce em Conceição, e passa pela cidade vizinha de Diamante e segue seu percurso passando por Itaporanga e Piancó, desbocando no açude de Coremas, é a nossa praia de água doce.

                Quem é dessa região e nunca bebeu ou tomou banho dessas águas? Acredito que todos. Aliás, o rio piancó é o primeiro e importante ponto turístico que fazemos questão de mostrar aos visitantes que por aqui andam. Eu mesmo tive essa experiência quando por aqui pisei pela primeira vez. Existe até um ditado popular: quem bebe dessa água “num” sai mais desse lugar. Acho que é verdade, viu!

                Quando pouca água tem, andar por sua areia de pés descalços é massagear o corpo inteiro. Todos nós já fizemos essa experiência. Sentar ás suas margens e vislumbrar com a imagem das mulheres lavando roupas, os meninos brincando, o gado pastoreando, a canoa parada e gente passando pelo corredor é pintar na imaginação um quadro colorido de nosso bonito paraíso.

               Falar das cheias do rio piancó, então, é garantir uma visita de boa parte da comunidade, no inverno, para admirar as águas descendo rio abaixo, levando todo tipo de sujeira. Parece até que leva nossos “entulhos” também. Velho, jovens e meninos espantados como se nunca tivesse visto tanta água. É uma novidade velha!

               Poderíamos aqui, passar horas e horas falando bem do nosso rio, pois tal riqueza é uma poesia infinita para lavar nossa alma.

              No entanto, quem está precisando de uma lavagem mesmo é a nossa consciência de cidadãos. Não só nós de Boa Ventura, mas de toda a população por onde o rio piancó corre.

            A ação nefasta nossa, de forma direta e indireta, vai, aos poucos, assassinando o velho piancó. Estamos matando o rio. A sujeira tem invadido as nossas águas, os esgotos, a erosão, a falta de ações governamentais, a falta de plantas as suas margens, a falta de consciência nossa para com o rio vem, ao longo dos tempos, matando o nosso querido rio piancó. Verdade que não se discute.

      Somos um povo imediatista. Queremos tudo para o agora. Ainda temos o rio com água límpida, é verdade, mas, no futuro, quando os nossos filhos e netos não poderem mais ver tanta beleza e saborear o líquido precioso que o rio nos presenteia hoje, o que será deles? Vai ser uma pena!

       Ah, como somos egoístas!

       Os leitores poderiam questionar: como esse escritor prega um inferno desse para nossa gente, para nosso rio!

       Triste e verdadeiro sinal, meus amigos! Algo precisa ser feito para não acontecer essa tragédia. É uma realidade indiscutível.

       Vamos, portanto, tomar juízo e vergonha na cara e mudar de comportamento. Os professores, os jovens, as igrejas, as autoridades e os agricultores precisam tomar as medidas cabíveis para a preservação do nosso rio, se não estaremos fadados a presenciar seu fim.

        Vai ser muito triste e agonizante ver tudo isso acontecer.

        Calma, então, e atentai bem para alguns simples conselhos, pois eles podem fazer a diferença: Que tal não jogar o papel ou entulhos no nosso rio? Que tal não degradar nosso manancial? Que tal perceber uma agressão e imediatamente sanar? Que tal...? Simples, não?

       Ou será que vamos proporcionar tamanha crueldade as nossas gerações futuras?

       Portanto, não deixemos o rio morrer. Ele pede socorro e só nós podemos garantir sua existência.

Delcides Brasileiro